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Nos últimos dois meses duas crianças e um adulto morreram nos Estados Unidos após serem infectados com a ameba rara. A espécie Naegleria fowleri se desenvolve em lagos, cachoeiras e rios, ambientes perfeitos para a sua procriação.
A ameba devora o cérebro humano levando ao óbito em menos de uma semana. A contaminação acontece geralmente pelo nariz, porta de entrada da ameba que assim que se instala no corpo vai devorando as mucosas até chegar no crânio e finalmente no cérebro.
Cerca de dois ou três casos de mortes por infecção são registrados todos os anos nos EUA – o maior índice foi em 1980, com oito óbitos. Na maioria das vezes, a ameba ataca crianças e adolescentes. A idade média das vítimas é de 12 anos, possivelmente porque as crianças são mais propensas a brincar e nadar na água.
A infecção da ameba é extremamente rara. Em dez anos, 32 casos foram registrados, um índice muito baixo em comparação com as 36 mil mortes por afogamento entre 1996 e 2005.
Entretanto, a infecção assusta por ser altamente letal – o índice de mortes por pessoa infectada é de mais de 95%. Depois de infectada, a morte da pessoa é uma consequência difícil de evitar.
As amebas entram no corpo das pessoas através do nariz, após mergulhos em água doce quente, como em lagoas, lagos e rios. Apesar de milhões de pessoas nadarem nas mesmas águas, apenas uma pequena fração de pessoas é contaminada pela ameba. O motivo disso ainda não é claro, mas os cientistas especulam que a falta de certos anticorpos pode ser o motivo pelo qual algumas crianças são infectadas, enquanto outros que nadam no mesmo local não.
É importante ressaltar que a ameba não é um parasita e nem busca hospedeiros humanos – o ser humano é um ponto final acidental. Quando a ameba se aloja no nariz de uma pessoa, ela começa a procurar por alimento. Ela acaba no cérebro e começa a comer os neurônios da vítima, causando uma grande quantidade de traumas e danos.
Os sintomas iniciais incluem dor de cabeça, febre, náuseas e vômitos. Mais tarde, os sintomas evoluem para confusão mental, falta de atenção às pessoas e aos ambientes, perda de equilíbrio, convulsões e alucinações.
A ameba se multiplica e o corpo monta uma defesa contra a infecção. Isto, combinado com o rápido aumento das amebas, faz com que o cérebro inche criando uma pressão imensa – até que em algum ponto pára de funcionar. A morte geralmente acontece entre três e sete dias após o início dos sintomas.
Nos hospitais, a infecção muitas vezes é confundida com a meningite bacteriana. Mas mesmo quando o diagnóstico correto é feito, a infecção é quase impossível de tratar. O tratamento primário é feito a partir da anfotericina B, um medicamento antifúngico injetado nas veias e no cérebro.
Até agora, apenas uma pessoa é conhecida por ter sobrevivido a esse tipo de infecção, em 1978. A incidência desta doença é realmente muito pequena, mas trágica.